09 abril 2008

Praça de Lisboa II

#Praça de Lisboa. Imagem virtual do projecto do Arquitecto Pedro Balonas
[continuação]
Voltando à referida praça, penso que a nível funcional lhe faltam duas coisas: abertura e atractividade. A abertura e a fluidez caracterizam os espaços públicos contemporâneos. Aos espaços claramente contidos e definidos, jardins fechados e pracetas, sucedem-se os sistemas de espaços públicos encadeados e relacionados a grande escala, tal como à cidade sucedeu a metrópole (e eventualmente a metápolis). Assim, a tendência na transformação e renovação dos espaços públicos tradicionais é, como vimos por exemplo no Jardim da Cordoaria (aqui no entanto feito de uma forma pouco consistente), de abertura, de visibilidade e de controlo. Os espaços são atractivos se forem abertos, visíveis, iluminados, controláveis (algo que em sociedades mais seguras não é tão necessário).
A atractividade é também importante. E gerar atractividade num centro histórico decadente não é uma tarefa fácil. Tão pouco é gerar abertura num espaço destes, de tão difícil desenho e forma - um triângulo praticamente equilátero, com uma diferença de cotas na ordem dos 9 metros. O programa pode gerar alguma atractividade na zona, mas também não vale a pena esperarmos milagres. Não é esta intervenção que vai salvar o centro histórico da decadência. Poderá ser porventura um contributo positivo, mas dificilmente será capaz de fazer muito só por si. Ao mesmo tempo, parece-me que o que esta praça realmente precisa é de alguma paz. E espaço. Não é afinal de contas uma praça? Então para quê procurar extensivamente programas para ela? Façamos uma praça e ponto final! De pouco mais precisa. Para pouco mais há espaço, de qualquer maneira. Os espaços comerciais estão lá e falharam. A mim parece-me que um projecto para a praça de Lisboa tem que ser mais um projecto de subtracção que de adição.
[to be continued]
#Vasco Cortez
[Berlim]