29 agosto 2008

News - Chiado atirou decadência pela colina abaixo [Público]

Neste artigo do público online, a propósito do Chiado, histórias para o Porto ouvir. Alguns exemplos daquilo que pode ser evitado e daquilo que deve ser, também, pensado, através das palavras de João Seixas. Aqui fica uma parte:
No centro comercial, pegado ao qual foi construída uma pequena unidade hoteleira, é sobretudo a FNAC que atrai a clientela. "É um dos factores de animação do Chiado", reconhece o arquitecto, secundado pelo professor universitário João Seixas. O investigador fala dos "conteúdos cosmopolitas" que esta multinacional da cultura trouxe para a zona e da operação de reabilitação encabeçada por Siza, "coordenada pelos poderes públicos", para chegar à conclusão de que o renascimento do Chiado é um caso de sucesso. A identidade do local contribuiu para isso: "Apesar da gravidade do incêndio, o Chiado teve músculo para se manter vivo". Mas é este o Chiado que queremos? João Seixas admite riscos: "Um dos maiores é o da turistificação e da banalização". Os centros históricos demasiado virados para agradar ao turista acabam por parecer-se todos muito uns com os outros. É preciso que os governantes da cidade apoiem o comércio tradicional e de proximidade, aquele que pode fazer a diferença. "A prioridade do Chiado deve ser o usufruto dos lisboetas", frisa. Os turistas virão por acréscimo. Há quem veja neste novo Chiado um claro caso de gentrificação, com os seus velhos habitantes a serem substituídos por uma nova camada abastada de residentes e lojistas. "Num espaço com estas características é inevitável", observa João Seixas. "Não vejo mal nenhum nisso". Vinte anos depois das chamas, Siza vai agora completar a reconstrução, ligando um pátio das traseiras da Rua do Carmo ao Convento do Carmo. O elevador do metropolitano para a Rua Ivens também será uma realidade, assegura o arquitecto. "A renovação de toda a zona em seu redor vai conferir ao Chiado o seu papel de zona central, nuclear da cidade". João Seixas também acredita no futuro: "A Baixa é uma Bela Adormecida à espera de que um beijo a desperte".